Tuesday, March 3, 2009

Coluna Jogos Imortais: No ar rarefeito

Por Bruno Bello Vicintin

El Nacional (EQU) 1 X 2 Cruzeiro

Provavelmente, a Copa Libertadores é o torneio mais difícil de ser conquistado dentre todos os torneios intercontinentais do planeta. Para ser campeão não basta um time ser bom. Ele tem que ter raça para enfrentar os mais adversos problemas, lutar contra difíceis e complicadas classificações dentro do próprio Brasil, e um dos maiores obstáculos na conquista para os times brasileiros é justamente jogar na altitude.

Jogando no ar rarefeito, os atletas tem, a todo momento, seu preparo físico testado e colocado sob condições severas. Foi na Libertadores de 2001 que o Cruzeiro provou que nem a falta de oxigênio das cidades andinas seriam capazes de parar nosso imortal time e a tradição que temos na competição.

Naquela edição, o jogo seria entre o primeiro do grupo 4 (Cruzeiro) contra o segundo colocado do grupo 5 (El Nacional) e a primeira partida seria em Quito, cidade localizada a 2850 metros acima do nível do mar.

A equipe celeste, para evitar ao máximo os efeitos da falta de oxigênio, se hospedou em Guaiaquil e viajou para a capital equatoriana somente três horas antes do jogo. Os locais tentariam se vingar da eliminação da Copa Libertadores de 1997 passamos pelos equatorianos e caminhamos rumo ao Bicampeonato da Libertadores.

Para piorar a situação, além da altitude, o Cruzeiro teria que jogar num gramado em péssimo estado, alagado por uma chuva forte pouco antes do inicio do jogo. Com certeza esta seria mais uma batalha.

O técnico Luis Felipe Scolari armou um time defensivo tirando os armadores Jorge Wagner e Sergio Manoel colocando o experiente Ricardinho e o novato Cleber Monteiro, volantes de ofício e especialistas em defenderem mais do que armarem ou saírem para o jogo.

O Nacional começou pressionando o Cruzeiro em nossa própria metade do campo. Porém, o ímpeto equatoriano era barrado pela marcação forte dos meiocampistas celestes.

Aos poucos, e com muita raça, o time fo se soltando e começou a dominar a partida. Aos 25 minutos, surpreendendo a todos, o Cruzeiro abriu o marcador. Ricardinho cobrou falta que o goleiro Ibarra espalmou. O centroavante Oseas pegou o rebote e cruzou para Juampi marcar o primeiro tento da partida.

Depois do gol, o time continuou surpreendendo, aos 36 minutos, Oséas receberia cruzamento de Sorín e não fosse defesa milagrosa de Ibarra marcaria o segundo. O Nacional ainda teria duas boas chances no final do primeiro tempo, mas o Cruzeiro segurava a vantagem com relativa eficiência e sem sobressaltos.

Na segunda etapa todos sabiam que o jogo seria dramático, caso se confirmasse a vitória cruzeirense seria praticamente impossível o time equatoriano, sem a ajuda da altitude, vencer em Belo Horizonte, mesmo que alguns teóricos admitam que jogadores plenamente adaptados à altitude conseguem desempenho superior e fazem menos esforço físico quando atuam em altitudes menores. Este tipo de "doping" é normalmente utilizado por atletas de corrida que treinam em cidades com altitude elevada para conseguir resultados melhores quando correm a altitudes menores.

Os equatorianos então, vieram com tudo tentando virar o resultado da partida. A torcida pressionava até mais que os jogadores dentro de campo e o finalmente o Nacional marcou aproveitando uma falha do goleiro André que não cortara um cruzamento e na seqüência da jogada cometera pênalti. Herrera cobrou para empatar a partida.

A partir deste momento os equatorianos partiram com tudo em busca de mais um gol porem o meio de campo celeste continuava firme como uma rocha. O ponteiro Geovanni parecia não sentir em nada os efeitos da altitude e aos 36 minutos da etapa final mais uma vez "o iluminado" decidiu. Ao receber um lançamento de Marcos Paulo, penetrou entre os zagueiros e chutou para desempatar. Era o gol da vitória e os equatorianos não teriam mais forças para buscar novamente o empate.

O Cruzeiro batia novamente o Nacional agora na casa do adversário, o técnico Ramiro Blacutt ao final da partida praticamente jogara a toalha falando que como não venceram o Cruzeiro em casa, no mineirão a tarefa seria quase impossível.

Mais uma vez o Cruzeiro escrevera em sua gloriosa história uma vitória imortal provando que nem o ar rarefeito é capaz de parar o imortal Cruzeiro Esporte Clube quando o espírito de equipe e o desejo de vencer se fazem presentes.

Ficha Técnica
Cruzeiro 2 x 1 El Nacional-EQU
Competição - Copa Libertadores (Oitavas de Final)
Estádio Olímpico Atahualpa - Quito - EQU
Público - Não disponível / Renda - Não disponível
Árbitro - John Jairo Toro (COL)
Assistentes - Daniel Wilson (COL) e Gabriel Figueroa (COL)
Gols: Sorín aos 25' do 1º tempo; Herrera (P) aos 4' e Geovanni aos 31' do 2º tempo

Cruzeiro: André; Neném (Marcos Paulo), Luisão, Cris e Sorín; Marcos Vinícus, Ricardinho, Cléber Monteiro e Jackson; Geovanni (Alessandro) e Oséas (Marcelo Ramos). Técnico: Luis Felipe Scolari.

El Nacional (EQU): Ibarra; Coronel, Guagua, Gómez e Robert Burbano (Lara); Juan Carlos Burbano, Valencia (Preciado), Chalá e Herrera; Fernandez e Ordonez (Borja). Técnico: Ramiro Blacutt.

Cartões Amarelos: Luisão e Geovanni (CRU); Herrera, Valencia, Guagua, Chalá e Ordonez (NAC)

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