Cruzeiro 3 x 0 Estudiantes

Em 1994 não foi diferente. O Cruzeiro mantinha a tradição de formar boas equipes, disputando a Supercopa da Libertadores da América, da qual já era bicampeão. Desta vez, o adversário seria o Estudiantes, da Argentina, comandado por um jovem craque no meio de campo: Veron, que já era cotado para jogar na Seleção Argentina.
Na primeira partida na Argentina, uma batalha, com a vitória do Estudiantes por 1 a 0, após uma série de jogadas violentas de ambos os lados. Os jogadores celestes conseguiram segurar o adversário e prometeram virar o resultado no jogo de Belo Horizonte.
A torcida cruzeirense compareceu em peso, voltando a lotar o Mineirão; mais de 35 mil pessoas saíram de casa à noite para apoiar o time em mais uma batalha internacional. Eram torcedores fanáticos, que sabiam da dificuldade em marcar dois gols em um time de qualidade e que jogaria recuado, mas prometiam apoiar o time durante todo o jogo, incondicionalmente.
A partida começou e a torcida azul cantava sem parar. Como era de se esperar, o Estudiantes veio fechado e abusando da catimba. O Cruzeiro tinha no banco um velho ídolo dos gramados e que, então, era o treinador do time: o grande centroavante Palhinha, que armara um esquema com o objetivo de bater o ferrolho argentino.
A cada minuto que se passava, a partida ficava mais dramática; o Cruzeiro passara praticamente os primeiros 30 minutos da partida tentando furar o bloqueio argentino sem sucesso. A torcida não parava de apoiar e o Cruzeiro insistia nas jogadas pelo meio, armadas por Toninho Cerezo, mas sem sucesso.
O time foi ficando nervoso, já que o gol não saía, e, aos 40 minutos, definitivamente, o jogo tomou um tom dramático. Toninho Cerezo, esquecendo-se do que aprendera em anos de futebol, agrediu infantilmente, com uma cotovelada, o zagueiro Pátrola, e foi expulso. Com dez jogadores e faltando somente os 45 minutos finais, a missão cruzeirense ficava cada vez mais difícil.
Então Palhinha mudou a forma de o time jogar. Indo para o tudo ou nada, tirou o meia Macalé e colocou Mário Tilico, e retirou Cleison, colocando o ponteiro Edenilson. Desta forma, o time celeste passaria a jogar pelas pontas, e não mais pelo meio!
As modificações surtiram efeito. As chances de gol aumentaram, e a torcida sofria muito, apoiando o time em busca de pelo menos um gol, que levaria a partida para os pênaltis, situação em que a muralha Dida faria a diferença. Mas um segundo tempo com dez jogadores em busca de furar a retranca dos 11 argentinos estava testando os mais fortes corações da torcida cruzeirense.
Foi então que, aos 10 minutos, Nonato lançou Roberto Gaúcho, que arriscou um chute de fora da área; o petardo saiu rasante e sem defesa para o goleiro Bossio. Assim que a rede estufou, a torcida celeste explodiu, tirando aquele gol que estava entalado na garganta! Finalmente a retranca portenha tinha sido furada.
Então os jogadores argentinos começaram a apelar para as jogadas mais ríspidas, e os atletas celestes respondiam na mesma moeda. Os carrinhos nas violentas disputas de bola arrancavam tufos de grama, e, mesmo com dez jogadores, a raça cruzeirense prevalecia. Então, aos 36 minutos, a explosão: Edenílson foi puxado pelo jogador Rojas, dentro da pequena área; o árbitro uruguaio Júlio Mattos, que fazia arbitragem duvidosa, marcou pênalti. Nonato cobrou com categoria, marcando o gol da classificação!
Mas os valentes argentinos não desistiam e foram buscar um gol. Partiram com tudo para cima, e o Cruzeiro se segurava. Para piorar as coisas, aos 44 minutos, Jean Carlos foi expulso também! A torcida se arrepiava, pois o Cruzeiro teria que acabar a partida com nove jogadores. Aos 46 minutos, uma falha coletiva da defesa celeste e Palermo completou livre para o gol, mas Rogério estava em cima da linha para salvar. Rapidamente, Nonato lançou Mário Tilico, que partiu para a área Argentina. O ponteiro herói da primeira Libertadores lançou Edenílson, que, de virada, marcou o terceiro gol celeste!
O Mineirão cantava o hino cruzeirense em coro – uma das cenas mais bonitas do mundo! Então, na saída de bola, o momento mágico: o veterano Luisinho dominou na área com a mão e o juiz marcou pênalti; o craque argentino Veron arrumou a bola e se preparou para bater. Um coro de 35 mil vozes cantava, sem parar, o nome do goleiro celeste: “Dida... Dida... Dida!” A muralha não decepcionaria seus fãs. Espetacularmente, defendeu o pênalti! O juiz apitou o final da partida logo depois da defesa; cercado por jornalistas, o frio goleiro saltava, dando socos no ar, vibrando com a massa de torcedores azuis!
Mais uma batalha vencida por guerreiros celestes, provando uma vez mais a raça que aquela camisa sempre merece de cada atleta que a veste. O Cruzeiro já era grande demais não só para Minas, não só para o Brasil, mas também para a América do Sul!
Cruzeiro
Dida, Zelão, Rogério, Luizinho e Nonato, Douglas, Toninho Cerezo, Jean Carlo, Macalé (Mário Tilico), Cleison (Edenílson) e Roberto Gaúcho. Tec. Palhinha
Estudiantes
Bossio, Rojas, Prátola, Fontana, Squadrone (Calderon), Galeano, Véron, Salinas (Capria), Gaitan, Palermo e Sosa. Tec. Eduardo Manera
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